Para estancar crise, Simon pede que Sarney saia da presidência do Senado
"Tem de sair." A frase, curta e peremptória, fez parte do discurso duro com o qual o senador Pedro Simon (PMDB-RS) reiterou ontem o pedido de afastamento de José Sarney (PMDB-AP) da presidência do Senado. Ele foi seguido por senadores dos principais partidos, que se revezaram na tribuna com o mesmo pedido. Nenhuma liderança da cúpula do PMDB compareceu ao plenário para defender Sarney e ele próprio não foi ao Congresso. A pressão para que Sarney deixe o cargo aumentou após a revelação feita ontem pelo Estado, de que José Adriano Cordeiro Sarney, neto do senador, é sócio da empresa Sacris Consultoria, Serviços e Participações Ltda, que faz a intermediação de crédito consignado para funcionários do Senado. Os senadores Demóstenes Torres (DEM-GO), Eduardo Suplicy (PT-SP), Cristovam Buarque (PDT-DF) e Arthur Virgílio (PSDB-AM) aproximam-se de Simon na ideia de que Sarney não tem condições políticas para mandar investigar problemas que envolvem parentes ou aliados políticos. "Não dá, não dá, não dá", pregou Simon.
PSOL desiste de entrar já com representação
O PSOL recuou e desistiu de entrar ontem com representação no Conselho Ética do Senado contra o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP). A ex-senadora e atual vereadora de Maceió Heloísa Helena, que passou o dia em Brasília, anunciou que o partido pretende encaminhar o pedido na próxima quarta-feira. Até lá, o partido espera conseguir assinaturas para a instalação de uma CPI sobre os 663 atos secretos editados ao longo dos últimos 14 anos e os contratos de prestação de serviço e de pessoal assinados no mesmo período no Senado. Além da coleta de assinaturas, o PSOL também teria adiado a representação porque, segundo resolução de 2008, Sarney poderia ser obrigado a se afastar do cargo.
DEM ameaça suspender apoio a peemedebista
O DEM ameaça abandonar o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e entregá-lo à própria sorte caso ele não dê "esclarecimentos convincentes" sobre a atuação de uma empresa de seu neto, José Adriano Cordeiro Sarney, no agenciamento de empréstimos consignados a funcionários da Casa. Em conversas reservadas com Sarney ontem, o líder do PMDB, senador Renan Calheiros (AL), garantiu-lhe que a bancada peemedebista vai se manter firme em seu apoio, a despeito das dissidências de sempre - os senadores Pedro Simon (RS) e Jarbas Vasconcelos (PE). Mas, sem os 13 votos do DEM, o maior aliado do PMDB no Senado, Sarney corre o risco de perder a cadeira de presidente. "Esta denúncia é grave e tem de ser explicada à opinião pública e à Casa", disse ontem o líder do DEM no Senado, José Agripino (RN), para quem está "nas mãos dele, Sarney, a manutenção do apoio não só do DEM, como da Casa".
País não pode parar com crise no Senado, afirma Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mudou a avaliação que vinha fazendo da crise do Senado. Em vez de defender o presidente a Casa, José Sarney (PMDB-AP), como havia feito duas vezes antes com veemência, desde ontem Lula adotou uma postura institucional e preferiu deixar a solução da crise para o próprio Senado. Justamente no dia em que Sarney divulgou uma nota em que praticamente pede socorro ao presidente. Numa rápida entrevista coletiva concedida ontem, Lula disse que há denúncias de irregularidades no Senado e que existe a fase de apuração. Segundo ele, as providências devem ser tomadas. O que não pode é o País passar o mês inteiro discutindo a crise do Senado - agravada depois do dia 10, quando o Estado revelou a existência de atos secretos editados para dar regalias e aumentar salários de parentes e apaniguados de senadores e diretores.
Senador alega ser vítima de ''campanha midiática''
Em dia de mais um escândalo envolvendo sua família, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), ficou ontem recluso em sua casa, no Lago Sul, em Brasília. No final da tarde, em um carro particular, foi a uma clínica de olhos na Asa Sul, onde permaneceu por cerca de uma hora. Ao sair, indagado sobre a crise no Senado, disse apenas: "Não vou falar nada". Pela manhã, o senador divulgou uma nota sobre a reportagem publicada pelo Estado que revelou que seu neto, José Adriano Sarney, é sócio de uma empresa que intermedeia empréstimos consignados no Senado (leia abaixo). No texto, entregue por um assessor, Sarney atribuiu as notícias a uma "campanha midiática" para atingi-lo por conta de suas posições políticas "de apoio ao presidente Lula e ao seu governo".
Exército já vasculha região do Araguaia
Oficiais do 52º Batalhão de Infantaria de Selva, de Marabá, vasculham há um mês a Serra das Andorinhas, no Sul do Pará, região indicada em relatórios como local de combates e sepultamento de integrantes da Guerrilha do Araguaia (1972-1975). A região de Três Quedas, no município de São Geraldo do Araguaia, foi um dos lugares mapeados recentemente pelos militares. Nos dias 27 e 28 de maio, uma equipe de quatro oficiais do Exército esteve nas terras do empresário Jorge Araújo, que não estão numa área de manobra e treinamento militar. A presença do Exército na região da guerrilha chama a atenção porque a área deve ser revirada em breve à procura das ossadas dos militantes do PC do B e camponeses mortos.
Arquivo de Curió confirma relatos de camponeses
O ministro da Justiça, Tarso Genro, disse ontem que os arquivos sobre a Guerrilha do Araguaia (1972-1975) revelados ao Estado pelo oficial da reserva Sebastião Curió Rodrigues de Moura, o major Curió, "confirmam integralmente" relatos de camponeses da região feitos à Comissão de Anistia da pasta. Segundo ele, Curió será convidado pela comissão e pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos para, se quiser, dar seu depoimento. A intenção do ministro é que isso "facilite" a anistia de pessoas da região "atingidas por aqueles acontecimentos que a gente não quer que aconteçam nunca mais".
Lula contraria ruralistas em dois itens de MP
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez apenas dois vetos na medida provisória que permite, a partir de hoje, a regularização de posses de até 1,5 mil hectares da Amazônia. Terras ocupadas por empresas ou por prepostos não poderão ser regularizadas. Essa possibilidade havia sido introduzida no texto por deputados da bancada ruralista durante as negociações na Câmara. Os vetos haviam sido pedidos por ambientalistas, procuradores da República que atuam na Amazônia, PT, PSDB e Confederação Nacional da Agricultura (Contag). Mas nem todas as reivindicações de ambientalistas foram atendidas. Eles pediam também veto ao item que prevê a possibilidade de venda das propriedades acima de 400 hectares em três anos a partir da titulação da terra. No texto original da MP, esse prazo era de dez anos.
Cresce pressão de senadores por saída de Sarney
Senadores subiram ontem à tribuna para defender o afastamento de José Sarney (PMDB-AP) da Presidência do Senado. O primeiro a pedir o afastamento foi o também peemedebista Pedro Simon (RS), que afirmou que a saída de Sarney não significaria "autoculpa", mas um "ato de grandeza". "O presidente Sarney deve se afastar. Para o bem dele, de sua família, de sua história", disse. "Antes que a saída dele fique insustentável", complementou. Simon disse que, como presidente da Casa, Sarney não pode responder questões do "neto, do mordomo, do diretor que ele criou e manteve por 14 anos", referindo-se às revelações feitas nas últimas semanas. Foram na mesma linha de Simon os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP), Marisa Serrano (PSDB-MS) e Cristovam Buarque (PDT-DF). "
Família Sarney emprega mais nove aliados
A teia de nomeações políticas nos gabinetes do grupo liderado pelo senador José Sarney (PMDB-AP) mostra pelo menos nove novos casos de aparelhamento envolvendo o clã. Os dados estão disponíveis desde anteontem na página do Senado na internet. Principal "faz-tudo" da família em Brasília, o ex-deputado Chiquinho Escórcio foi recompensado com empregos para sua mulher, Alba Leide Nunes Lima, e sua filha, Juliana.
Alba trabalha desde março de 2008 no gabinete pessoal de Sarney. Juliana acaba de ganhar uma nomeação no gabinete do senador Mauro Fecury (PMDB-MA), que assumiu a vaga deixada por Roseana Sarney (PMDB), que assumiu o governo do Maranhão. Escórcio também está de emprego novo. Foi nomeado por Roseana representante do governo em Brasília, cargo com status de secretário estadual.
Nomeados são "qualificados", diz assessoria
A assessoria de imprensa do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), afirmou que todos os nomeados em seu gabinete pessoas "extremamente qualificadas". Segundo a assessoria, a advogada Alba Lima, mulher do ex-senador e ex-deputado Chiquinho Escórcio, é responsável por levar as demandas do Estado do Amapá aos órgãos públicos. Jorge Nova da Costa, suplente de Sarney, governou o Amapá e tem experiência no Ministério da Agricultura e em órgãos como a Sudene, diz a assessoria. O ex-presidente do PMDB do Amapá Raimundo Azevedo Costa cuidaria do trabalho político junto ao Estado que Sarney representa.
Acuado, Sarney se diz vítima da mídia por dar apoio a Lula
Acuado por novas acusações, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), disse ontem ser vítima de uma "campanha midiática" e relacionou pela primeira vez a atual crise a seu apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em solidariedade, Lula saiu mais uma vez em defesa do aliado, numa estratégia deliberada para tentar evitar a queda do senador. Em reunião reservada, Lula disse à sua equipe que a ordem é "tentar segurar" Sarney no comando do Senado. Segundo um assessor, a renúncia ou até mesmo um pedido de licença seria "péssimo" para o governo no momento. Para ajudar Sarney em sua guerra pela sobrevivência política, Lula vai conversar nos próximos dias com líderes governistas e passar sua orientação de montar uma blindagem em torno do senador.
Collor compra quentinhas com verba do Senado
Além de usar a verba indenizatória de R$ 15 mil para bancar a segurança privada da Casa da Dinda, o senador e ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB-AL) também a utiliza para comprar refeições que são levadas para a residência, localizada em área nobre da capital federal.
É do Boka Loka, pequeno e simples restaurante no centro do Paranoá, cidade-satélite de Brasília, que Collor compra as quentinhas. Do portão da Casa da Dinda até o estabelecimento, são dez minutos de carro.
Ontem, por exemplo, o Boka Loka, segundo disse à Folha uma funcionária, iria levar para a Dinda 20 refeições. "É variado. Tem dia que é mais, tem dia que é menos", disse. A reportagem ligou para o celular do ex-presidente, que desligou ao ser informado do assunto, dizendo que não o comentaria.
Agaciel pede afastamento do Senado por 90 dias
O ex-diretor-geral do Senado Agaciel da Silva Maia pediu ontem afastamento da Casa por 90 dias. Lotado atualmente no ILB (Instituto Legislativo Brasileiro), ele receberá salários durante o período porque solicitou uma licença-prêmio por assiduidade -direito amparado em lei.
Em carta enviada ao primeiro-secretário da Casa, Heráclito Fortes (DEM-PI), ele afirma ser vítima de "ilações maldosas". Alega que precisa de tempo para preparar sua defesa. Agaciel é o principal suspeito de produzir atos secretos no Senado. Em março, ele deixou a Direção Geral após ser revelado que ele escondeu da Justiça uma casa avaliada em cerca de R$ 5 milhões.
MP da Amazônia desagrada lados rivais
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou ontem o artigo 7º da medida provisória 458 que trata da regularização fundiária da Amazônia, conforme revelou a Folha ontem. O artigo permitia a transferência de terras para empresas e regularizava as propriedades que são exploradas por prepostos. O veto é uma vitória de ruralistas, mas com uma concessão aos ambientalistas, que a chamavam de "MP da Grilagem". Para o governo, é a MP da regularização fundiária da Amazônia. Ontem tanto de ambientalistas como de representantes do setor agrícola e pecuário criticaram a sanção parcial. O artigo 7º não fazia parte da medida provisória enviada pelo governo. Foi colocado quando a medida foi discutida na Câmara. Também foi vetada uma parte do artigo 8º, mas por fazer referência à compra de terras por empresas e à exploração por prepostos.
Sob Lula, Petrobras elevou salário da direção
Os gastos da Petrobras com os salários pagos aos seus diretores do primeiro escalão cresceu 54% de 2003 -primeiro ano do governo do PT- a 2007. Nesse período, a inflação acumulou 28%. A remuneração dos diretores, porém, fica abaixo da de empresas privadas. Hoje cada um dos seis diretores e o presidente recebem, em média, cerca de R$ 55 mil mensais (cerca de R$ 710 mil/ano). Alvo de uma CPI no Senado, a Petrobras elevou muito seu gasto com salários, bônus e benefícios sob o governo Lula. Em 2003, a estatal pagou R$ 4,8 milhões em remunerações à diretoria, aos nove integrantes do Conselho de Administração e aos cinco membros do Conselho Fiscal. A cifra saltou para R$ 7,4 milhões em 2007 e para R$ 9,8 milhões em 2008. Diante da perspectiva de lucros menores por causa da queda do preço do petróleo, o valor reservado para este ano foi reduzido para R$ 8,2 milhões.
Médicos dizem que Dilma está curada de câncer linfático
A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) realizou ontem a quarta e última sessão de quimioterapia do tratamento contra um câncer linfático. Ela passará agora por aplicações de radioterapia. Mesmo sem ter encerrado o tratamento, os médicos disseram ontem que consideram Dilma curada.
"Nós achamos que ela está curada agora. (...) Nesse momento ela está completamente sem evidência de doença", disse o oncologista Paulo Hoff.
A ministra deixou ontem o hospital Sírio-Libanês pela porta da frente. Disse que "só podia comemorar" por ter realizado a última quimioterapia: "É mais um percurso, um desafio que se supera".
Exército irá apenas a áreas já vasculhadas no Araguaia
A expedição comandada pelo Exército que buscará em julho os corpos de guerrilheiros do Araguaia percorrerá apenas pontos conhecidos e escavará lugares já vasculhados em expedições anteriores. A decisão foi tomada pelo comando do Exército. Como alega não ter documentos que mostrem os locais onde os corpos foram enterrados ou abandonados, o Exército não poderia agora, segundo esse entendimento, apontar novos pontos além dos já indicados por historiadores e relatórios de buscas anteriores, realizadas por civis. É judicial a ordem para o governo federal abrir os arquivos da campanha do Araguaia e devolver às famílias os corpos dos guerrilheiros desaparecidos.
TCU vê irregularidades em licitação do comitê olímpico
O TCU (Tribunal de Contas de União) indicou que o COB cometeu irregularidades na concorrência que levou à contratação da agência de turismo Tamoyo, que faz a operação das viagens de atletas e dirigentes da entidade. Segundo os ministros do tribunal, em acórdão, o comitê errou ao exigir um preço mínimo dos concorrentes, desclassificar uma empresa concorrente sem lhe dar chance de defesa e contratar a proposta menos vantajosa. No total, o COB paga R$ 26.907 por mês à agência para serviços de consultoria e pesquisa para viagens. A Voetur, que foi desclassificada pela entidade e fez a reclamação ao TCU, ofertou fazer o serviço por R$ 13.560, mas foi desclassificada por estar abaixo do valor mínimo, em torno de R$ 26 mil.
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