quarta-feira, 24 de junho de 2009

APOIO DE MAIS DE 50 SENADORES "BLINDA" JOSÉ SARNEY

Parede protetora é garantida
por Renan, Lula e pelo DEM



Acossado pela crise, José Sarney (PMDB-AP) ergueu em torno de si um muro de apoios capaz de deter qualquer tentativa de apeá-lo da presidência do Senado.
A parede de proteção à presidência de Sarney é escorada pelo apoio de pelo menos 51 dos 81 senadores. São: 17 votos do PMDB (já excluídos os dissidentes Pedro Simon e Jarbas Vasconcelos), 14 do DEM, sete do PTB, pelo menos dez do PT (excluído Tião Viana)... Dois do PRB (Marcelo Crivella e Roberto Cavalcanti), um do PC do B (Inácio Arruda), um do PP (Francisco Donelles) e pelo menos um do PSDB (Papaleo Paes).
O envolvimento direto de Lula na articulação que escora a gestão Sarney permite antever o crescimento do número de apoiadores.
É improvável que legendas como PSB e PDT se envolvam por inteiro em eventuais tramas para arrancar Sarney da cadeira.
O muro de arrimo a Sarney foi reforçado numa reunião reservada realizada na manhã desta terça (23).
Conversaram o próprio Sarney, o primeiro-secretário Heráclito Fortes (DEM-PI) e o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL).
Sarney e Heráclito estranhavam-se nos subterrâneos. O morubixaba do Senado responsabilizava o senador ‘demo’ pela divulgação de dados que o deixaram mal.
Heráclito atribuiu o vazamento de informações sobre a contratação secreta de parentes e amigos de Sarney à “guerra de grupos” de servidores.
Acertados os ponteiros, decidiram acomodar na direção-geral e na diretoria de Recursos Humanos gente da mais estrita lealdade.
Pessoas que, por confiáveis, fossem capazes de erigir um dique de contenção dos vazamentos comprometedores.Foi à diretoria-geral Haroldo Tájra, um servidor que é filho de ninguém menos que o suplente de Heráclito, Jesus Tájra.
Para a área de Recursos Humanos, a trinca se fixou no nome de Dóris Romariz Peixoto, até bem pouco chefe de gabinete de Rosena Sarney.
Os nomes foram referendados por Renan, hoje uma espécie de presidente informal do Senado. Nada se decide sem o apoio do ex-quase-senador-cassado.
As escolhas como que renovaram a aliança entre PMDB e DEM, os dois principais pilares de sustentação de Sarney.
Os nomes de Haroldo e Dóris foram levados à reunião da Mesa diretora do Senado, realizada à tarde, na forma de um prato feito.
Foi uma reunião tonificada pela presença dos líderes partidários e até de senadores que não exercem cargos de liderança, como Pedro Simon.
Mesmo os senadores que mantém um pé atrás em relação a Sarney, como o líder tucano Arthur Virgílio (AM), engoliram os novos diretores.
A deglutição foi facilitada pelo estabelecimento de certas condições. Os novos diretores foram nomeados por 90 dias.
Depois, terão de ser referendados em votação no plenário do Senado. na próxima segunda (29), será aprovado um projeto que fixa a nova sistemática.
Com os votos de que dispõe, Sarney deve obter folgada maioria na aprovação dos responsáveis pelo dique idealizado para deter o verteduro de informações.
Nos últimos dias, vários senadores se animaram a defender publicamente o afastamento de Sarney.
Cristovam Buarque advogou um pedido de licença. Pedro Simon falou em afastamento, sem especificar a modalidade.
Arthur Virgílio disse que, se necessário, não hesitaria em levar Sarney ao Conselho de Ética. Acha que a sobrevivência do Senado está acima do presidente.
A pregação anti-Sarney deve prosseguir. Mas, numa escala de zero a dez, as chances de que resultem na saída de Sarney são de menos um.

Fonte: Josias de Souza - Folha de SP

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