quinta-feira, 18 de junho de 2009

LÍNGUA DE ALUGUEL

A candidatura de Ciro à sucessão de Serra


O recesso político de meio de ano parece ter chegado mais cedo pelo menos em São Paulo, e já produziu uma flor vistosa destinada a murchar tão logo ele termine - a candidatura do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) à sucessão do governador José Serra (PSDB).

O PT jogou a toalha: não tem candidato com chances de vencer.

Antonio Palocci, deputado e ex-ministro da Fazenda, está pendurado em processos a serem julgados pelo Supremo Tribunal Federal. Por ora, faltam votos ali para absolvê-lo de supostas irregularidades cometidas quando era prefeito de Ribeirão Preto, e da quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa.

Mesmo que seja inocentado, Palocci prefere ser candidato à reeleição. Teme que seu passado polêmico como administrador em Ribeirão Preto e algoz do caseiro seja relembrado e volte a sujar sua biografia, além de subtrair-lhe preciosos votos.

Marta Suplicy será candidata a deputada federal. Aloizio Mercante, a um novo mandato de senador.

É por isso que alguns nomes ilustres do PT, entre eles Candido Vaccarezza, líder na Câmara dos Deputados, tiveram a idéia de jerico de acenar com a candidatura de Ciro, desafeto pessoal de Serra.

Não, não seria uma candidatura para ganhar. São Paulo é um reduto blindado do PSDB. O ex-governador Geraldo Alckmin lidera as pesquisas com 60% das intenções de voto.

A missão de Ciro seria infernizar a vida de Serra, provável candidato do PSDB à sucessão de Lula. Deixar Serra dividido entre a eleição paulista e a presidencial. Desgastá-lo dentro de sua própria casa. E, por tabela, ajudar Dilma Rousseff, candidata de Lula e do PT.

Ciro funcionaria como afiada língua de aluguel. E mais tarde poderia ser recompesado com algum ministério em um eventual governo Dilma.

Recentemente, o deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), sondado pelo PT para fazer parte da chapa de Ciro como candidato ao Senado, procurou o colega em Brasília e o aconselhou a dizer não.

- Sabe o que aconteceria? Eu e você acabaríamos abandonados pelo PT fazendo comício sem nenhuma estrutura em alguma parte do Estado, e Mercadante com toda a estrutura doi mundo fazendo comício em outra.

O PT na Assembléia Legislativa de São Paulo e dentro dos limites do Estado não quer ouvir falar em importação de candidato. Dispõe de alguns nomes de segundo escalão para ser testados. Um deles é o atual prefeito de Osasco, Emídio de Souza.

De resto, Ciro ainda não abdicou do plano de ser candidato a presidente da República. Ele alega que Dilma, sozinha, perderá a eleição. Que o conjunto de forças políticas aliadas de Lula precisará de mais um candidato se quiser ganhar, E que não há melhor segundo candidato do que ele.

Não é o que pensa Lula, adepto da teoria de um candidato só - o dele.

Fonte: Ricardo Noblat

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