quarta-feira, 3 de outubro de 2012

ACLJ realiza resenha diária e destaca entrevista com a Senadora Marina Silva



TERÇA-FEIRA, 2 DE OUTUBRO DE 2012


RESENHA - DIRETO DA REDAÇÃO




O Direto da Redação, programa que vai ao ar de segunda a sexta pela TV Cidade, às 8:15 da manhã, apresentado pelos analistas sociais Alfredo Marques e Freitas Júnior, membros da ACLJ, entrevistou, na edição desta terça-feira, dia 02 de outubro, a ex-senadora acriana Marina Silva,  Ministra do Meio Ambiente no primeiro governo Lula, e candidata à Presidência da República pelo Partido Verde, em 2010.

A ex-ministra começou respondendo a indagação de Alfredo Marques, sobre se seria muito difícil fazer política séria no Brasil. Diz ela que o grande problema é que a lógica dos partidos é “o poder, pelo poder”.


Indagada ainda sobre a reação do Governo Brasileiro, surpreendido com o seu aparecimento nas Olimpíadas, demonstrando prestígio internacional, Marina respondeu que ela apenas foi alvo de uma gentileza do Comitê Olímpico, em virtude de sua condição de ativista ambiental. 

Também foi perguntado a Marina sobre suas ligações  com o Ceará, de onde seu pai saiu para a Amazônia, incorporado ao chamado Exército da Borracha. Disse ela que ainda tem parentes em Messejana e Paracuru, mas não mantém com eles um relacionamento mais estreito. Diz ela que os pais criaram sete filhas e um filho no Acre, de modo que a maior parte da família é acriana.

Freitas Júnior quis saber, na opinião da Marina, se o Código Florestal aprovado no Congresso atendeu mais aos ruralistas, ou aos ambientalistas. Ela declarou que, na verdade, a versão aprovada não atende ao Brasil. Acrescentou que o grande problema é a visão retrógrada dos políticos e empresários, que ainda estão presos aos métodos predatórios de desenvolvimento.

Freitas perguntou se as concessões que o novo código vez ao agronegócio seria mesmo um “mal necessário”, como defendem os ruralistas. Respondeu Marina que não há necessidade de se conviver com mal necessário, quando se pode procurar o “bem necessário”.

Segundo a entrevistada, os ruralistas preferem manter o padrão de pecuária do Século XX, de baixa tecnologia e baixa eficiência, se louvando das grandes extensões de terra, sistema que oferece um emprego para cada 80 hectares. Por isso a grande pressão sobre o cerrado, sobre a caatinga, sobre as florestas.

Disse Marina que com a aprovação do novo Código Florestal essa será a primeira vez que o país vai retroagir, anulando avanços ambientais obtidos em governos anteriores. Em vez de querer passar nos testes ambientais, para produzir de forma sustentável, se prefere mudar os testes, desprezando o meio ambiente.


Alfredo Marques perguntou também porque só se fala no problema da redução das matas ciliares, que têm que ser mantidas na margem dos rios. Marina respondeu que a mídia elegeu esse tema porque é mais fácil de explicar e de entender.

Para rios como o Amazonas era exigida a recuperação de uma faixa de 500 metros de matas, e com a nova lei essa exigência foi reduzida para apenas 100 metros. Porém, para além do problema das matas ciliares, há a anistia concedida aos desmatadores – disse a ex-ministra.

Acrescentou que houve um verdadeiro “telequete” na Câmara Federal, dos ambientalistas contra o deputado relator Aldo Rebelo, e, no Senado, contra o Senador Luiz Henrique, donos da visão mais atrasada em matéria ambiental que o País já conheceu.

Esse Senador Luiz Henrique fez inclusive uma lei para destruir a legislação ambiental em seu Estado, Santa Catarina. Aliás, a maioria do atual Congresso é até contra os índios. Regularização de novas terras indígenas será impossível nessa legislatura – afirmou Marina Silva.

Acrescentou que hoje o ativismo não é mais dirigido – pela UNE, pelo DCE, pelos sindicatos. Hoje as pessoas são autoras do seu próprio ativismo. Acho bom estar sem partido porque eu faço da política um ato de amor. Desse modo fico livre para escolher os melhores. E por isso estou apoiando o Heitor Ferrer. 
"Heitor teve um gesto de humildade, ao me procurar em Brasília para me pedir orientação em matéria de política ambiental. Sequer me pediu apoio político, mas eu resolvi apoia-lo", disse Marina. “Candidato que tem máquina, é a máquina que ganha a eleição, não é o eleitor”. "Penso que quem ganha eleição assim 'ganha perdendo'. Eu prefiro 'perder ganhando', embora o ideal seja 'ganhar ganhando'”.

Freiras Júnior lembrou que a Presidente Dilma Rousseff não quis se apropriar de seu legado ambiental e está apoiando a política contrária. Perguntou então sobre o futuro político da ex-senadora, que ao responder já foi ao cerne da pergunta: “Eu não sei se serei candidata à Presidência em 2014”.

Alfredo Marques pontuou que vinte milhões de votos certamente lhe “cacifam” para ser a sucessora da Presidente Dilma – “talvez fundando um novo partido” – considerou Freitas Júnior. “O movimento ambiental é maior do que qualquer partido” – rematou Marina Silva. A lógica dos partidos costuma ser o poder pelo poder.

Respondendo a Alfredo Marques sobre o julgamento do mensalão pelo STF, Marina foi lacônica, mas precisa: “As instituições virtuosas nos corrigem quando falhamos nas nossas virtudes. Embora eu seja contra a qualquer forma de violência, quando eu estava no Ministério 725 pessoas foram presas pela Polícia Federal, por crimes ambientais".    

Freitas Júnior pediu que a entrevistada deixasse uma palavra para o eleitor Fortalezense. “Os candidatos que prometem que vão fazer isso e aquilo para as pessoas não são muito confiáveis. Prefiro aqueles que prometem fazer as coisas, com as pessoas” – filosofou a ex-senadora. 

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