terça-feira, 3 de julho de 2012

Contraponto 5568 - Arafat assassinado


Yasser Arafat, líder palestino,
pode ter sido envenenado

Oito anos depois, os motivos da morte do líder palestino Yasser Arafat continuam sendo um mistério. Nesta terça-feira, novos testes parecem ter chegado perto de concluir o caso. Segundo a TV árabe al-Jazeera, elevadas amostras de polônio radioativo foram encontradas nos pertences do ex-presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), o que seria um indício de que o líder fora envenenado com material radioativo.
A cena de um Arafat moribundo rodou o mundo durante semanas. Primeiro, o líder adoecido foi tratado em sua casa cercada por tanques israelenses, em Ramallah. Depois foi levado para um hospital militar em Paris. Na época, rumores diziam que o líder poderia ter morrido de câncer, cirrose ou ainda em decorrência do vírus HIV.
A investigação da al-Jazeera, no entanto, coloca os boatos abaixo. Depois de nove meses, a TV conseguiu provas de que Arafat gozava deboa saúde quando adoeceu de repente, em outubro de 2004. Segundo cientistas em Lausanne, na Suíça, níveis muito altos de polônio radioativo foram encontrados nos pertences do líder palestino. Em alguns casos a incidência de material radioativo estaria dez vezes além do permitido.
De acordo com o relatório, os objetos pessoais de Arafat, em particular aqueles que continham fluidos corporais, registaram níveis muito elevados do elemento. Os resultados do laboratório foram relatados em millibecquerels (mBq), uma unidade científica utilizada para medir a radioatividade. Suas escovas apresentavam níveis de 54mBq de polônio; a urina de mancha na sua cueca 180mBq - o normal seria menos de 7mBq.
Outros testes, realizados de março a junho, concluíram que a maioria do polônio - entre 60 e 80% - era “incompatível”, o que significa que ele não veio de fontes naturais. Os pertences analisados continham marcas de sangue, saliva, suor e urina do líder palestino.
- Eu posso confirmar que nós medimos uma amostra inexplicável e elevada de polônio-210 nos pertences de Arafat, que continuam nas marcas de fluídos biológicos - disse o médico François Bochud à al-Jazeera.
Vítima mais famosa foi espião russo
O polônio-210, o isótopo encontrado nos pertences Arafat, tem meia-vida de 138 dias, o que significa que metade da substância diminui em quatro meses e meio. Pouco se sabe sobre as consequências deste elemento químico na saúde humana e há pouco consenso científico sobre os sintomas de envenenamento por polônio, devido ao baixo número de casos registrados.
Pelo menos, duas pessoas ligadas ao programa nuclear israelense teriam morrido infectadas por polônio, mas sua vítima mais famosa é o espião russo dissidente Alexander Litvinenko, que faleceu em 2006, em Londres. Um inquérito britânico descobriu que Litvinenko foi envenenado com polônio depois de beber chá em um restaurante japonês. Antes de morrer, o espião sofreu uma severa diarreia, perda de peso e vômito, mesmos males que Arafat sofreu em suas últimas semanas de vida.
“Mesmo em um caso de intoxicação semelhante ao de Litvinenko, apenas vestígios da ordem de alguns [millibecquerels] deveriam ser encontrados no ano de 2012“, observou o instituto no relatório entregue à al Jazeera.

O Globo 

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