domingo, 24 de junho de 2012

Contraponto 5471 - Protesto contra a censura no Paraguai


Manifestantes protestam contra 'censura'
à TV Pública no Paraguai

 

Visita de assessor de novo presidente provocou protestos de funcionários.
Diretor da emissora pediu demissão após impeachment de Lugo.


Um grupo de cerca de 200 pessoas fez um protesto em frente à TV Pública doParaguai, em Assunção, na noite deste sábado (23), contra o que consideram uma tentativa de censura à emissora estatal do país após a posse do novo presidente Federico Franco.

Com cartazes e gritos de “Ditadura nunca mais”, os manifestantes ocupam toda a rua em frente ao canal que transmite ao vivo, em rádio e TV, os discursos em um microfone aberto instalado na calçada.

“Estamos defendendo um direito. Não estamos defendendo nenhum partido ou ideologia. Estamos defendendo vozes”, diz o ex-diretor da emissora estatal, Marcelo Martinessi em seu discurso.
Junto com outros membros da TV estatal, Martinessi pediu demissão do cargo na sexta após o impeachment de Fernando Lugo, justificando que não sentia confiança no novo governo para continuar seu trabalho à frente da emissora. O pedido de demissão, com a equipe reunida, foi transmitido pela TV.

Após isso, a emissora recebeu a visita de um assessor do novo presidente, Christin Vásquez, que foi às instalações acompanhado de policiais e, segundo os funcionários de forma intimidadora, quis saber qual era a programação prevista pra o canal.
marcelo assunção paraguai lugo amauri (Foto: Amauri Arrais/G1)Marcelo Martinessi, ex-presidente da TV Pública do Paraguai, pediu demissão após o impeachment de Lugo e liderou neste sábado protesto contra o novo governo e a censura à emissora (Foto: Amauri Arrais/G1)

Em entrevista a outras emissoras locais, Vásquez disse que, como integrante do novo governo, só quis se inteirar da programação do canal público.
marcelo assunção paraguai lugo amauri (Foto: Amauri Arrais/G1)Manifestantes se reuniram em frente à TV pública
paraguaia em protesto contra saída de Lugo do poder
(Foto: Amauri Arrais/G1)
“Ontem (sexta) houve um atentado contra a liberdade [de expressão]”, disse o ex-diretor da estatal, que contou também ter recebido telefonemas de uma pessoa que dizia ser da Presidência pedindo que parassem de transmitir os protestos contra o impeachment de Lugo na Praça das Armas.
Mais cedo, durante a tarde, o novo ministro das Relações Externas do Paraguai, José Félix Estigarribia, disse que o recém-empossado presidente Federico Franco vai à Cúpula do Mercosul na cidade argentina de Mendonza, na próxima sexta-feira (29), e levantou a possibilidade de umencontro com a presidente Dilma Rousseff para explicar seus pontos de vista.
Na noite deste sábado, o governo da Argentina retirou do Paraguai o seu embaixador. Já o governo brasileiro afirmou, por meio de nota divulgada pelo Itamaraty, que convocou o embaixador do Brasil no Paraguai para consultas. O país também condenou o "rito sumário" de destituição do presidente Fernando Lugo na última sexta-feira (22).
info paraguai cronologia 23 (Foto: 1)
Desde que o mandato de Lugo foi cassado, governos de Argentina, Venezuela, Equador, Chile, Bolívia, México e Peru, Colômbia, Guatemala, Cuba e República Dominicana criticaram o processo de impeachment, alguns deles não reconhecendo o novo governo formado pelo vice-presidenteque assumiu agora, Federico Franco.

Entretanto, o governo da Alemanha entendeu como "normal" o processo de impeachment, conforme o ministro de Cooperação Econômica e de Desenvolvimento da Alemanha, Dirk Niebel.
Crise
Federico Franco assumiu o governo do Paraguai na sexta-feira (22), após o impeachment de Fernando Lugo. O processo contra ele foi iniciado por conta do conflito agrário que terminou com 17 mortos no interior do país.
A oposição acusou Lugo de ter agido mal no caso e de estar governando de maneira "imprópria, negligente e irresponsável".
O processo de impeachment aconteceu rapidamente, depois que o Partido Liberal Radical Autêntico, do então vice-presidente Franco, retirou seu apoio à coalizão do presidente socialista.
A votação, na Câmara, aconteceu no dia 21 de junho, resultando na aprovação por 76 votos a 1 – até mesmo parlamentares que integravam partidos da coalizão do governo votaram contra Lugo. No mesmo dia, à tarde, o Senado definiu as regras do processo.
Na tarde de sexta-feira, o Senado do Paraguai afastou Fernando Lugo da presidência. O placar pela condenação e pelo impeachmentdo socialista foi de 39 senadores contra 4, com 2 abstenções. Federico Franco assumiu a presidência pouco mais de uma hora e meia depois do impeachment de Lugo.
Em discurso, Lugo afirmou que aceitava a decisão do Senado. Ele pediu que seus partidários façam manifestações pacíficas e que "o sangue dos justos" não seja mais uma vez derramado no país.

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