Dilma sugere expulsar Paraguai
do Mercosul e da Unasul
A presidente Dilma
Rousseff voltou a fazer ameaças de sanções ao país vizinho nesta sexta-feira,
enquanto a situação no Paraguai ainda não está definida, caso prosperee o
impeachment contra o presidente Fernando Lugo.
Em entrevista coletiva na tarde desta sexta,
antes de discursar na sessão de encerramento da Conferência das Nações Unidas
sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, Dilma repetiu que o Mercosul e a
Unasul são organizações que têm cláusulas em seus estatutos exigindo o respeito
às regras democráticas.
"Há previsão de sanção" para quem
não cumprir "os princípios que caracterizam uma democracia", disse
Dilma. Para ela, o Paraguai vive uma "situação complicada".
Indagada sobre qual seria a sanção para o
Paraguai, ela preferiu responder de maneira genérica. Disse que para um país
que transgride a cláusula de democracia a sanção é a "não participação dos
órgãos multilaterais". Ou seja, a expulsão do Mercosul e da Unasul.
A presidente comandou desde ontem de manhã
uma reação dos países latino-americanos contra a deposição de Fernando Lugo. Em
conversas reservadas no governo brasileiro, o impeachment de Lugo é tratado
como golpe.
ELEIÇÕES
Dilma ressaltou na entrevista que o mandato
do paraguaio termina no ano que vem "e ele não pode se reeleger". Ela
disse esperar uma saída "negociada" -dando a entender que deseja que
a oposição aceite manter tudo como está até que sejam realizadas eleições.
A presidente disse que ainda não há
resultados concretos da missão de ministros das relações exteriores de países
da Unasul -que tem 12 membros. Segundo Dilma, só não estava no Paraguai o
representante da Guiana.
Ela considera que foi uma demonstração de
amadurecimento dos latinos o envio dos chanceleres para Assunção. "A
América Latina evoluiu. Conseguimos agir por nós mesmos", declarou.
Apesar de nas suas respostas ter sugerido a
exclusão do Paraguai do Mercosul e da Unasul, a presidente disse que os países
têm acompanhado o caso com uma "posição sóbria, ninguém fazendo ameaça
para ninguém".
'MENOS TRAUMÁTICA'
Dilma disse ainda que a missão dos
chanceleres dos países que formam a Unasul é buscar uma solução "menos
traumática" para o impasse político no Paraguai.
"A tentativa dos chanceleres é criar um
ambiente que habilite uma solução menos traumática para a democracia (...) para
todos nós, seria importante uma solução negociada", afirmou Dilma.
Os países que formam a Unasul decidiram na
quinta-feira em reunião de emergência enviar seus chanceleres ao Paraguai, cujo
Congresso decide na tarde desta sexta-feira a responsabilidade de Lugo no
conflito rural. Se considerado culpado, ele deverá deixar o cargo.
"A atitude dos 12 chanceleres e dos 12
países que os chanceleres representam é uma atitude de muito respeito pela
soberania do Paraguai, mas também uma atitude de muito respeito pela
democracia", afirmou.
Mais cedo a bancada do PT no Senado, com 13
parlamentares, divulgou nota em que classifica de "clara ameaça à
democracia" do Paraguai o processo de impeachment contra Lugo.
RISCO DE GOLPE
O secretário-geral da Unasul, Alí Rodríguez,
alertou nesta sexta-feira que o Paraguai pode estar em meio a um golpe de
Estado devido à
"rapidez" do julgamento político do presidente do país, Fernando Lugo,
e mostrou-se preocupado com um possível "processo de violência".
"Tudo indica que uma decisão já foi
tomada e que, pela rapidez com a qual os eventos estão acontecendo, poderíamos
estar perante um golpe de Estado", declarou Rodríguez à emissora de televisão
Telesur, sediada em Caracas.
"Há muita gente concentrada em frente ao
Congresso e ao palácio, e nosso temor é de que possam haver confrontos, um
derramamento de sangue, que é, acima de tudo, o que queremos evitar na
Unasul", acrescentou.
Os ministros de Relações Exteriores se
reuniram nesta sexta com Fernando Lugo e seu vice, Federico Franco. Em
comunicado, os chanceleres da organização sul-americana constataram "uma
ameaça de ruptura da ordem democrática do Paraguai", caso não se respeite
o rito no processo de impeachment.
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