sexta-feira, 22 de junho de 2012

Contraponto 5464 - Dilma responde ao golpe paraguaio


Dilma sugere expulsar Paraguai

do Mercosul e da Unasul


A presidente Dilma Rousseff voltou a fazer ameaças de sanções ao país vizinho nesta sexta-feira, enquanto a situação no Paraguai ainda não está definida, caso prosperee o impeachment contra o presidente Fernando Lugo.
Em entrevista coletiva na tarde desta sexta, antes de discursar na sessão de encerramento da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, Dilma repetiu que o Mercosul e a Unasul são organizações que têm cláusulas em seus estatutos exigindo o respeito às regras democráticas.
"Há previsão de sanção" para quem não cumprir "os princípios que caracterizam uma democracia", disse Dilma. Para ela, o Paraguai vive uma "situação complicada".
Indagada sobre qual seria a sanção para o Paraguai, ela preferiu responder de maneira genérica. Disse que para um país que transgride a cláusula de democracia a sanção é a "não participação dos órgãos multilaterais". Ou seja, a expulsão do Mercosul e da Unasul.
A presidente comandou desde ontem de manhã uma reação dos países latino-americanos contra a deposição de Fernando Lugo. Em conversas reservadas no governo brasileiro, o impeachment de Lugo é tratado como golpe.
ELEIÇÕES
Dilma ressaltou na entrevista que o mandato do paraguaio termina no ano que vem "e ele não pode se reeleger". Ela disse esperar uma saída "negociada" -dando a entender que deseja que a oposição aceite manter tudo como está até que sejam realizadas eleições.
A presidente disse que ainda não há resultados concretos da missão de ministros das relações exteriores de países da Unasul -que tem 12 membros. Segundo Dilma, só não estava no Paraguai o representante da Guiana.
Ela considera que foi uma demonstração de amadurecimento dos latinos o envio dos chanceleres para Assunção. "A América Latina evoluiu. Conseguimos agir por nós mesmos", declarou.
Apesar de nas suas respostas ter sugerido a exclusão do Paraguai do Mercosul e da Unasul, a presidente disse que os países têm acompanhado o caso com uma "posição sóbria, ninguém fazendo ameaça para ninguém".
'MENOS TRAUMÁTICA'
Dilma disse ainda que a missão dos chanceleres dos países que formam a Unasul é buscar uma solução "menos traumática" para o impasse político no Paraguai.
"A tentativa dos chanceleres é criar um ambiente que habilite uma solução menos traumática para a democracia (...) para todos nós, seria importante uma solução negociada", afirmou Dilma.
Os países que formam a Unasul decidiram na quinta-feira em reunião de emergência enviar seus chanceleres ao Paraguai, cujo Congresso decide na tarde desta sexta-feira a responsabilidade de Lugo no conflito rural. Se considerado culpado, ele deverá deixar o cargo.
"A atitude dos 12 chanceleres e dos 12 países que os chanceleres representam é uma atitude de muito respeito pela soberania do Paraguai, mas também uma atitude de muito respeito pela democracia", afirmou.
Mais cedo a bancada do PT no Senado, com 13 parlamentares, divulgou nota em que classifica de "clara ameaça à democracia" do Paraguai o processo de impeachment contra Lugo.
RISCO DE GOLPE
O secretário-geral da Unasul, Alí Rodríguez, alertou nesta sexta-feira que o Paraguai pode estar em meio a um golpe de Estado devido à "rapidez" do julgamento político do presidente do país, Fernando Lugo, e mostrou-se preocupado com um possível "processo de violência".
"Tudo indica que uma decisão já foi tomada e que, pela rapidez com a qual os eventos estão acontecendo, poderíamos estar perante um golpe de Estado", declarou Rodríguez à emissora de televisão Telesur, sediada em Caracas.
"Há muita gente concentrada em frente ao Congresso e ao palácio, e nosso temor é de que possam haver confrontos, um derramamento de sangue, que é, acima de tudo, o que queremos evitar na Unasul", acrescentou.
Os ministros de Relações Exteriores se reuniram nesta sexta com Fernando Lugo e seu vice, Federico Franco. Em comunicado, os chanceleres da organização sul-americana constataram "uma ameaça de ruptura da ordem democrática do Paraguai", caso não se respeite o rito no processo de impeachment.

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