Dólares na cueca:
Justiça bloqueia bens do irmão de José Genoino
Justiça bloqueia bens do irmão de José Genoino
Irmão do ex-presidente
nacional do PT José Genoino, o deputado estadual José Nobre Guimarães, do PT do
Ceará, sofreu mais um revés na Justiça por conta do episódio dos “dólares na
cueca”. O juiz da 10ª Vara Federal, Nagibe de Melo Jorge Neto, determinou na
quinta-feira a indisponibilidade de bens do deputado. Ele foi apontado pelo
Ministério Público como beneficiário do dinheiro escondido em uma mala e na
cueca de seu ex-assessor José Adalberto Vieira da Silva. Adalberto foi preso no
aeroporto de Congonhas, em São Paulo, no dia 8 de julho de 2005, quando tentava
embarcar em um vôo para Fortaleza com US$ 100 mil escondidos na cueca e R$ 200
mil em uma mala.
Neto recebeu na própria
quinta-feira a ação por improbidade administrativa proposta pelo MP relacionada
ao caso. O pedido de indisponibilidade de bens foi uma das primeiras ações do
juiz. A partir de agora, os réus serão citados para apresentarem suas defesas,
dando prosseguimento ao processo judicial, segundo o jornal O Povo.
A ação diz respeito à
investigação do MP sobre a origem do dinheiro encontrado com o ex-assessor do
deputado Guimarães. O MP concluiu que o dinheiro era propina paga pelo
consórcio Alusa/Sistema de Transmissão do Nordeste para obter facilidades no
recebimento de um empréstimo de R$ 300 milhões do Banco Nordeste do Brasil
(BNB). O objetivo era a construção de uma linha de transmissão de energia
elétrica ligando as cidades de Teresina, no Piauí, a Fortaleza, no Ceará.
Além de Adalberto, o
Ministério Público cita na ação o advogado e ex-chefe de gabinete do BNB,
Kennedy Moura, o presidente do BNB, Roberto Smith, o superintendente de
Operações Financeiras, Cláudio Frota, e os diretores Francisco de Assis Arruda,
Luiz Ethevaldo Guimarães e Victor Samuel da Ponte, bem como as empresas
envolvidas no consórcio.
Segundo o MP, os dirigentes
do banco teriam flexibilizado as regras da instituição para conceder o
empréstimo ao consórcio Alusa/STN.
O juiz da 10ª Vara Federal
também determinou que o consórcio deposite em juízo R$ 5.999.600 no prazo de
cinco dias a partir da data em que for citado, sob pena de bloqueio dos bens.
Foi decretada a quebra do sigilo telefônico de duas linhas de celular do
deputado Guimarães, no período de 1º de outubro de 2003 até a última
quinta-feira. O juiz federal ainda determinou a quebra de sigilo bancário das
três empresas envolvidas no consórcio.
Neto decretou segredo de
justiça e, portanto, só os envolvidos terão acesso aos autos. O juiz negou o
pedido do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) para ter acesso ao processo. Dias é
integrante da CPI dos Bingos. Neto não explicou o motivo de José Guimarães ter
sido o único a ter os bens bloqueados, sendo que a ação do Ministério Público
pedia a indisponibilidade de bens de vários outros citados, entre eles o
presidente do BNB.
O episódio do dinheiro na
cueca ganhou ares de escândalo quando foi revelado, cerca de um mês depois de o
ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) ter denunciado o escândalo do mensalão.
A descoberta do dinheiro na cueca foi decisiva para que o ex-presidente do PT
José Genoino deixasse o cargo.
PROPINA
US$ 100 mil foi o total de
dinheiro encontrado na cueca do assessor de Nobre Guimarães. Outros R$ 200 mil
estavam na mala de José Adalberto Vieira da Silva
www.correioforense.com.br
- 23-04-2006 08:00
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